sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Memórias de um vencido



Às vezes me vejo sentado olhando para a janela
Vendo aquela chuva de verão passando
E fico a me lembrar dos tempos antigos
Dos tempos em que erámos nós dois

A fumaça de meu charuto se esvai na sala
Como uma neblina numa manhã de inverno
O Cheiro não é desagradável
Muito menos a música ao fundo: Richard Wagner

Levanto da minha cadeira e olho para trás
E vejo ainda seu retrato na parede
Como se fosse um importante troféu
Estou enganado? Você é um importante troféu

Olho para a parede com livros
Escritores que me inspiraram para uma poesia
De amor que faço para ti
Para toda poesia de amor
Augusto dos Anjos, Alvares de Azevedo, Tomaz Antônio Gonzaga

A foto é antiga, ainda eras uma menina
Estas com o uniforme de nossa antiga escola
Tempo bom aquele, o tempo de inocência
O tempo em que não sabíamos o que era o amor

Ao olhar o seu retrato me vem uma vontade de chorar
Uma vontade incrível de chorar e poder dizer tudo aquilo
Que tranquei por anos em minha mente
Que alimentei com minha fantasia de não te ter

Ó minha amada, quando terei a oportunidade
De te encontrar, de te ver? De ouvir tua voz
Pela primeira vez?
Quando terei este privilegio.

Quando terei a oportunidade de te dizer
Que foi graças a você que sai das horas mais escuras
Que a vida me apresentou nestes últimos anos?
Que se não fosse você, talvez estaria em outro lugar.

Minha vida é movida ao arrependimento
A falta de coragem
Arrependimento de não ter feito algo
A nosso respeito

Fecho os olhos. A melodia me acalma.
A tristeza me consome
O pranto me acolhe
A escuridão minha velha amiga.

Leia os versos de um triste poeta
Poeta que um dia acreditou na inocência do amor
Que acreditou em toda loucura que é amar
Que acreditou em cada palavra sua

Quando era pequeno, não gostava de surpresas
Agora eu rezo todos os dias para ter uma
Uma surpresa, dizendo que tudo isso que aconteceu
Não passou de uma brincadeira, um teste.

Vendo seu lindo sorriso ao encontro com o meu
Vendo você se aproximar de mim
Para dar um abraço de urso
Poderia até morrer deste jeito, morreria mais que feliz!

Sento de novo perto da janela.
A chuva já está em seu fim. O céu está nublado
O cinza como meu pensamento
As ruas tortas como minhas atitudes

As pessoas ao meu redor
Nunca saberão as dificuldades que enfrentei
Os problemas que eu já passei
Por esta vida conturbada.

Amar sem ser amado
Como pode isso, caro leitor?
Então diga caro leitor
Diga ao triste poeta

Como é amar alguém
Sem nunca ter ouvido
Uma palavra de amor
Ou sequer uma palavra

Então diga ao poeta
Como é amar só vendo esta pessoa
Vendo está pessoa sendo feliz
Não sendo feliz ao lado teu

Quando você olha para os olhos
Da pessoa amada
Te dá uma vontade imensa de sorrir
E ao mesmo tempo chorar



sábado, 10 de outubro de 2015

Motivos


Eu já fui motivo desse seu sorriso
Eu já fui motivo do brilho em teu olhar
Eu já fui motivo de inspiração
Eu já fui motivo de saudade

Já fui motivo de emoções
Já fui motivo de momentos
Já fui vários motivos
Enfim, fui

Pudera eu continuar a ser
Inúmeros motivos
Inúmeros momentos
Inúmeras emoções

Agora sou apenas motivo de lembrança
Sou motivo de passado
Sou motivo dessa lagrima caída
Nesta tua tristeza sem fim 

Se você quiser


Se você quiser eu posso ir até as estrelas
Se você quiser posso te trazer a lua
Se você quiser posso ser a luz
O sol da manha que brilha em teu olhar

Se você quiser posso te levar ao mar
E ver as ondas tocar os teus pés
E o vento tocar teu rosto
Como o meu toque

Se você quiser posso ser o poeta
Que faz declarações de amor
Para você a cada poesia
Uma declaração

Se você quiser posso ser a razão
Do teu lindo sorriso
Que se esconde atrás deste belo rosto
Que se esconde nesta tua tristeza