terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Testamento

Nos últimos dias
Do triste poeta
Ele proclamou
O que sempre trancou

A vida fora
Como as flores
Que sempre sonhei
Que sempre idealizei 

Vou levar comigo
As magoas 
Por não ter te conhecido 
Como gostaria


Vou levar comigo
A recordação não vivida
Ao lado teu
Que aproveitei cada momento

Cadê aquela saudade
Do tempo de escola
Do tempo a flor da idade
Onde sonhou o triste poeta

Os tempos são outros
A poesia muda
Se transforma
Mas o sentimento não

Não levarei magoas 
No meu caixão 
Não hei de me arrepender
Até é de se surpreender


Me arrependeria
Se não te conhecesse
Se nunca tivera
Visto tua presença una

Um. Dois. Três.
Na rua em quinze
Me visite
Lá em novembro


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A flor que Chora

Timidamente consigo sentir
O tal sentimento recuado
Que não venha mais
Para a flor não chorar
Naquele orvalho
Já caiu lágrimas de sangue
Daquela flor que chora
Daquela flor cujo nome
Nem Santo reproduz!
Naquele orvalho
A flor chora
Ela vive na escuridão
Com medo de se abrir
E sentir-se sozinha novamente!


19 de Novembro

Noite. Espero o bonde
Naquele lusco-fusco sepulcral
Vejo a silhueta do anjo
Em cima da minha cova

Para onde fora as flores?
Murcharam na cova
A estatua do anjo
Roubou suas vidas

Para onde fora as flores?
Que um dia floresceram
Ao lado meu morto
No final. Apenas silêncio.



Lá vem ela mais uma vez
A morte. As pessoas ao fundo
Chorando o pranto derramado
Do ente querido morto.

Para onde fora as flores?
A enterraram junto com ele!
Fazendo da natureza viva
Em natureza Morta!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Sentimento ao Triste Poeta

Uma tímida garota
Fez bater o coração
Do menino morto
Acordou tão rápido quanto a vida 

Despertou de um sono
O fez acordar para morte
Antes fosse vida
Roubada pela garota tímida



Talvez ela não quisesse 
Encontrar o triste poeta
Mas ele a viu
Como nada que já tinha visto

Jamais esquecera tal visão
Não sabia ao certo
Se era um sonho
Ou outra forma de ver a vida


O tempo passou
O sentimento
Continuou o mesmo
Com altos e baixos

Não! O triste poeta não esqueceu 
O sentimento apenas fortaleceu
A cada ano
A cada fio branco

Não sei quantos charutos
Já fumei
Esperando a fumaça da saudade
Enfim aparecer

Ele - Tempo - passa rápido 
Daqui a pouco
Retornamos ao estado
Inicial do triste poeta


Apesar da distância
Do tempo...
Sonhar contigo 
É querer viver sonhando

Talvez nunca saberás
Do quanto tu me fez
Me faz
E me fará bem!



sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Soneto Noturno - Soneto XCII

Naquela noite - Tu dormias 
Eu - concentrado a luz 
A cabeça no capuz
Inda multiplicando todas orgias

Ouvira na cabeça o ranger

Toda a festa vermicida
A alegria aos poucos vencida
Fazendo-os constranger

Aqueles vermes malditos

Por um momento pensei nos gritos
Que a alma até hoje proclama

Pra onde fora toda calma?

O inferno constante drama
Onde escrevo gritando!