quarta-feira, 25 de abril de 2012

5 e 6 de agosto de 1945


5 de agosto de 1945:

Quantas estrelas há neste céu
Nunca vi um céu tão cheio
Como será que era no tempo de Galileu?
No tempo de devaneio
Uma noite onde via claramente a via láctea 
Algumas poeiras ao fundo
Algumas nebulosas profundas
Que bela noite

Sentado no gramado
Sob a luz das estrelas
Num céu adaptado
Para aquela noite
Será que amanha será a mesma noite?
Será que verei as mesmas estrelas?
Estava longe das luzes parasitas
Não queria naquela noite, visitas.

Já estava ficando tarde, no caminho para casa
Resolvo olha para via láctea
De repente vejo uma estrela cadente
Naquele momento, me senti carente
Faça um pedido, faça logo
E assim eu fiz.

Pedi para estrela para sempre pode ver
Aquele céu maravilhoso, todas as noites
Para todas as noites de frio, me aquecer
Quando tiver filhos, netos
Mostrar-lhes esse céu maravilhoso
Que paz maravilhosa.

6 de Agosto de 1945:

Era um dia qualquer
Um lindo dia para estudar
Um ótimo dia para se erguer
Um ótimo dia para ajudar
Dei bom dia para meus pais
Estávamos todos unidos naquela manha
No café da manha 
Que dia demais.
Eles saíram para trabalhar
Fiquei cuidando da minha irmãzinha
Mas que menina boazinha
Mais tarde, fui para escola.

Fui pra lá entusiasmado
A cidade estava agitada
Estava tudo animado
Cada um indo pro seu lado
Crianças brincavam
Inocentes, sem saber
Onde realmente estavam
E sem saber os problemas daquela década.

Chegando na escola, estava agitada
Naquela rua, pais e filhos 
Naquela camada de paz
Cada um dando thau para seus filhos
Carros parados a frente
Tudo parecia uma história em quadrinhos
Todos alegremente
Entrando na escola
Para mais um dia normal

Era um dia qualquer
Um lindo dia para estudar 
Um dia para se erguer
Um dia para mudar.

Escuto um barulho ao alto
Olho para cima
Quase dou um salto
Vejo um avião rodeando Hiroshima 
Era algo grande e assustador 
Parecia um pássaro gigante
Era algo espantador 
Com um barulho estrondeante

Entro na escola, pátio
E vejo um grupo de meninas conversando
E fui andando
Uma delas, a mais bela
Tinha algo especial nela
Tímida mas, comunicadora.

Fui ao encontro dela, para dar-te
Um bom dia e um beijo no rosto
Sem saber do sinal alarmante
Num dia de agosto
E dizer-te que estava feliz em te ver
Quando cheguei mais perto
Me dei mais vontade de beijar no teu rosto
VI algo caindo do avião
Mas que dor no coração
Quase perto de nós
Não teve barulho
E caiu como um mergulho
Fora algo que nunca tivera visto.

Quando dei minhas mãos para ela 
Ficou tudo branco
Como numa cadeia, uma cela
Nem deu para sentir seu toque
E toda minha vida
Passou-se naquele segundo
E ficou-se minha dúvida
Naquele momento não tinha mais mundo?
Vi tudo naquele segundo
As pessoas evaporando
E nossas mãos indo pro espaço
Como poeira espacial
Como tivera visto, na noite anterior.

Nunca mais vi
Um céu como aquele dia
Nem mais a minha vida
Agora um depois 
Eramos só nós dois
Nossas mãos estavam
E quase andavam
Unidas nas estrelas.

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