Deixei-a numa
rua pequena, estreita
Começando a
chover aos poucos...
Uma rua sem
seita
Uma rua cheio de
loucos
Com o céu
nublado
As luzes da
cidade acendendo
Ela estava
sentada no chão
Com a mão sobre
os joelhos
Triste como um
cão
Triste como uma
mãe sem seu filho
Com a cabeça baixa
E seu choro escutava baixo
Seus cabelos sobre seu rosto
Mesmo ela chorando
Mesmo ela estando
Triste, chorando...
Estava linda, como sempre
Nada fazia ficar sem sua beleza
Com toda sua delicadeza
Grandes movimentos foram juntos
Cem, duzentos, trezentos, quinhentos?
Sem dúvida, mas não posso continuar
Se não, perco o ar
Ou posso? Claro que posso
Se não pudesse seria um grosso
Mas está errado.
Todo este legado
Eu sou seu hospedeiro
Ela é apenas um parasita
Não sou um guerreiro
Não sou um eremita
Tu alimentas minha mente
Com lembranças mortas
Dou a costas para ela, vou caminhando
Naquela rua estreita
Naquela rua sem seita
Ao caminhar, chego ao cemitério
Cheio de mistério
Aquela paz do cemitério
Cheio de mistério
Apenas o barulho da chuva
Ao cair sobre as carnes apodrecendo
E eu apenas vendo
Apenas com seus cabelos
Dantes eram modelos
Vou até um ente querido
E fico ávido
Ajoelho-me e falo:
“Por quê?! Tem que ser assim?
A vida inteira foi assim?
Terei que agüentar até a morte?”
Voltei para ver o verme
Estava com uma aparência fantasmagórica
Quase transparente!
Quando a olhei, pasmo fiquei
Quase que apaguei
Fiquei branco, como um fantasma
Aos poucos, ela olha para mim
E diz meu nome:
“Marcelo”!
Os
seus olhos brilhando por causa de seu choro
Olhos
brilhando para mim, como sempre
Olhos
que vejo meu reflexo
E
vejo nascer minha felicidade
“Volte
Marcelo”
Ela
cai no chão
Que
horror! Meu Deus!
Vou
correndo ao seu encontro
Pego
ela em meus braços
Abraço-a
“Não
nunca vou esquecer de você
Por
favor, alimente-me
Com
esperanças, memórias mortas
Por
favor
Eu
preciso de você!"
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