sábado, 11 de janeiro de 2014

Narrativa


Deixei-a numa rua pequena, estreita
Começando a chover aos poucos...
Uma rua sem seita
Uma rua cheio de loucos
Com o céu nublado
As luzes da cidade acendendo

Ela estava sentada no chão
Com a mão sobre os joelhos
Triste como um cão
Triste como uma mãe sem seu filho

Com a cabeça baixa
E seu choro escutava baixo
Seus cabelos sobre seu rosto

Mesmo ela chorando
Mesmo ela estando
Triste, chorando...
Estava linda, como sempre
Nada fazia ficar sem sua beleza
Com toda sua delicadeza

Grandes movimentos foram juntos
Cem, duzentos, trezentos, quinhentos?
Sem dúvida, mas não posso continuar
Se não, perco o ar

Ou posso? Claro que posso
Se não pudesse seria um grosso
Mas está errado.
Todo este legado

Eu sou seu hospedeiro
Ela é apenas um parasita
Não sou um guerreiro
Não sou um eremita

Tu alimentas minha mente
Com lembranças mortas

Dou a costas para ela, vou caminhando
Naquela rua estreita
Naquela rua sem seita
Ao caminhar, chego ao cemitério
Cheio de mistério

Aquela paz do cemitério
Cheio de mistério
Apenas o barulho da chuva

Ao cair sobre as carnes apodrecendo
E eu apenas vendo
Apenas com seus cabelos
Dantes eram modelos

Vou até um ente querido
E fico ávido
Ajoelho-me e falo:
“Por quê?! Tem que ser assim?
A vida inteira foi assim?
Terei que agüentar até a morte?”

Voltei para ver o verme
Estava com uma aparência fantasmagórica
Quase transparente!

Quando a olhei, pasmo fiquei
Quase que apaguei
Fiquei branco, como um fantasma
Aos poucos, ela olha para mim
E diz meu nome:

“Marcelo”!
Os seus olhos brilhando por causa de seu choro
Olhos brilhando para mim, como sempre
Olhos que vejo meu reflexo
E vejo nascer minha felicidade
“Volte Marcelo”

Ela cai no chão
Que horror! Meu Deus!
Vou correndo ao seu encontro

Pego ela em meus braços
Abraço-a
“Não nunca vou esquecer de você
Por favor, alimente-me
Com esperanças, memórias mortas

Por favor
Eu preciso de você!"

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